Uma dificuldade considerável para iniciantes na captação ou edição de Reportagem Video de Casamentos, e inclusive que foi colocada muito recentemente neste fórum por um user, o que me induziu inclusive para a criação deste tópico, tem que ver com o que gravar/colocar no filme quanto ao que toca a um capítulo que sendo supostamente o principal do filme, acaba no entanto na pratica por ser precisamente aquele que mais facilmente será saltado para a frente... Falamos portanto, e como já perceberam, da cerimónia propriamente dita (a Missa Católica na maior parte dos casos).
O que gravar, o que cortar?
(Foto avulsa encontrada na web)
Sintetizando, e a menos que os noivos sejam muito "beatos", coisa rara de encontrar pela minha experiência, até porque em Portugal, ou melhor dizendo, na minha zona de atuação (zona centro litoral) estou convencido que casar na Igreja é mais por tradição do que propriamente por devoção, e não desconsiderando que noutras zonas, e por circunstâncias várias, eventualmente este assunto possa ser encarado e considerado com "outro rigor", no meu caso em concreto e opinião pessoal, eu capto e ponho no filme o que considero realmente elementar, a menos que, e pelo anteriormente referido, tenha indicações contrarias pelos noivos (ou alguém em sua legitima representação) para fazer doutro modo.
E regra geral, como elementar, até para que o capitulo da cerimónia não se torne naquilo que a maioria das pessoas considera - uma seca! - então destacaria o seguinte:
# Captar o ambiente no Adro da Igreja (se houve oportunidade/tempo de captar) onde normalmente o noivo já nos espera quando chegamos (os repórteres).
# Entrada do noivo (esta é essencial...)
# Chegada da noiva (no carro quando possível) ao Adro da Igreja (se houve oportunidade de captar)
# Entrada da noiva e restante comitiva, se houver (meninos das alianças, Damas de Honor, Padrinhos em fila, etc, depende das zonas e costumes locais) e entrega da noiva ao noivo no altar (essencial)
# Breve trecho da abertura da missa pelo Padre dando as boas vindas ou como ele entender introduzir a cerimónia.
#Leituras pelos convidados (essenciais se foram convidados/familiares a ler).
# Um breve trecho musical que entretanto provavelmente vai ser entoado,
# E salto direito para a palestra de aconselhamentos matrimoniais do Padre destacando apenas os pontos que considere relevantes (nesta fase gosto de ir variando o local donde capto, se possível andando, com respeitinho pelo local e o evento... "em pés de lã" um pouco mais para cá ou para lá, inclusive passando para a lateral oposta do altar (nunca atravessando desnessesáriamente a frente do altar, vou pelas laterais, dando a volta completa a igreja), para conseguir variar as perspetivas e planos captados. E aqui abro um parênteses: não faço, nem defendo confesso, multi-câmara em BBC, se não tenho orçamento para uma "produção cinematográfica", vou trabalhar para aquecer, ou pôr uma segunda câmara para o Show off?
Dai a minha preocupação expressa, desde sempre, em variar e percorrer a igreja toda procurando os melhores planos e perspectivas possíveis dentro da igreja. Trabalho o melhor que sei com os recursos adequados ao que os noivos querem pagar.
Uma câmara única, experiência adquirida, preocupação de captar "planos de corte" (grandes planos soltos durante a cerimónia, de pessoas, expressões, etc... que podem ser misturados em vários pontos adequados), "olho vivo e dedo ligeiro" (estilo de captação jornalística), mostram não raras vezes que podem dar uma reportagem bem mais rica, de que muitas edições de cerimónias multi-câmara que tendem a pulular por aí. Seria outro debate.
# De seguida vem o rito matrimonial, e claro, este é o ponto fundamental de toda a cerimónia para não dizer do dia, portanto, gravo-o e apresento-o no filme final completo, apenas eliminando algum tempo morto, ou impasses típicos desta altura que o justifiquem. Desde que o padre começa: "Noivos Caríssimos, vieste a casa de Deus, blá , blá, blá"... os noivos fazem os respetivos votos de amor e fidelidade, lá vem a bênção e troca de alianças, até que o Padre dê o rito por terminado, normalmente quando ele se retira da frente dos noivos e volta para o Altar.
# Segue-se a "Oração dos Fiéis", aquela em que a assistência responde "Ouvimos Senhor" e que para mim, só a considero essencial de reproduzir no filme, se for feita por convidados/familiares (a maior parte das vezes é), caso contrário, descarto-a. Como descarto a maioria de quase todas as rezas (é precisamente o que as pessoas vão saltar no filme).
Até porque convenhamos e recorde-mos: fui contratado para registar uma cerimónia de casamento. O destaque deve ser precisamente centrado nesse chamado sacramento: o matrimonial. Para ouvir o Padre a dar a Homilia, ou a assembleia a reproduzir "rezas", as pessoas vão ao domingo à missa dominical...
#Exceção feita no entanto, no que toca a rezas ou orações, a uma específica (a menos que o capítulo "cerimónia" já vá longo e esta parte acabe também cortada...) à reza/oração tida pela "Benção dos Noivos" (aquela em que normalmente os noivos se ajoelham para receber tal bênção) depreendendo eu que, para alem da questão de ser uma reza específica deste sacramento católico, o casamento, e portanto pelo respeito que lhe é devido, que tal parte lhes seja também para eles (noivos) importante acolher. Ainda assim, dou-lhe uns cortes, pois é muito longa no meu entender. deixo o essencial dessa reza: a introdução, as partes que se dirijam mesmo "à esposa" e "ao marido" e "aos filhos que possam vir a contrair" que são lá citadas, e a conclusão da oração.
#Seguidamente, Salto para a "saudação da paz". É sempre um "boneco" agradável e harmonioso de aparecer. Deixo o padre introduzir a breve sentença referente a isso mesmo, concluindo em "... que a paz do Senhor esteja sempre convosco" isto com a preocupação de captar os noivos trocando o Beijo da Paz, continuando a captação pelos seguintes cumprimentos e saudações de paz que os noivos trocam com as pessoas mais próximas e diretas.
#A partir daqui, apenas um "flash rápido" do momento preciso em que os noivos comungam (e apenas os noivos, no preciso momento em que recebem a ostia, e/ou, conforme as zonas ou hábito da paróquia, também podem beber do vinho).
# Normalmente neste "tempo morto", enquanto os restantes convidados comungam, e os momentos que se seguem - enquanto o Padre, os Acólitos, ou Sacristão arrumam os utensílios utilizados para a comunhão, bem como na subsequente habitual pausa para reflexão - acabam por ser preenchidos com cânticos que são sempre uma boa oportunidade para dar destaque ao Coro Musical, aos ornamentos arquitectónicos da Igreja/local, ao arranjos florais e decorativos em geral, não obstante que, antes disto, e não pretendendo que passe despercebido, já deve ter havido oportunidade de apresentar e dar o devido destaque ao coro ou músicos (havendo-os), sobretudo quando são bons!
# Et voilá!
# A menos que haja uma daquelas surpresas de leituras de poemas ou mensagens aos noivos por um convidado/amigo/familiar (que devemos sempre estar atentos, pois que podem sempre surgir.... ou algo inesperado do género, e que se torna mais uma vez evidente ser essencial gravar e apresentar na edição final - a menos disso ou de algum outro motivo de força maior - para mim basta que o padre recite mesmo é as três bênçãos finais e conclua com o "Ide em Paz, e que o Senhor vos acompanhe" (esta é mesmo a minha parte preferida da missa!) para dar por concluída a cerimónia.
Então vá: Para a Sacristia, sigam as assinaturas...
Bons takes!