Boas.
Seja qual fôr a arquitectura - DAS, NAS ou SAN - tem que existir um meio de ligação entre os PCs e o armazenamento. Na arquitectura DAS, esse meio de ligação é efectuádo por USB, eSATA, SCSI, PATA, SAS, MiniSAS, SATA ou cabo PCIe, sendo estes os mais conhecidos. O inconveniente destes meios de ligação é o facto de o armazenamento só estar disponivel a um único PC, com chamada de atenção para o USB, que tem uma taxa de transferência inferior ãos outros meios de ligação. Se queremos que vários PCs tenham acesso instantaneo ão mesmo armazenamento - ou seja, ãos mesmos dados, quer para gravação quer para leitura - temos que nos socorrer das arquitecturas NAS e SAN. Nestas arquitecturas, podem ser utilizadas uma variedade de "ligaçôes", umas mais conhecidas que outras, mas cada uma delas com vantagens e inconvenientes. As mais conhecidas são: AoE, Fibre Channel, Infiniband, Gigabit Ethernet.
Vamos começar pela mais conhecida: Gigabit Ethernet.
Uma rede Gigabit Ethernet é, grosso modo, a ligação de vários sistemas informáticos entre si (PCs, controladores, automatos, etc), de forma a que dados de informação ou de controle circulem entre o sistema de origem e o - ou os - sistemas de destino. Exemplo de rede é o que se passa com a internet, em que do nosso PC em casa acedemos a PCs ou servidores do outro lado do mundo. A rede Gigabit Ethernet tem a particularidade de ser (normalmente) uma rede privada, em que só determinados PCs têm acesso à mesma, acesso esse concedido pelo administrador da rede. Normalmente situa-se na mesma divisão em que estão os PCs, mas também é possivel estarem em pontos diferentes de um prédio ou mesmo da cidade.
A maioria das mainboard de hoje em dia, vêm com placas de rede incluidas, pelo que se torna possivel ligar dois PCs entre si através de um cabo de rede, de forma que de um PC se tenha acesso ão outro PC. Mas caso tal placa de rede não exista, é possivel comprar uma e instalar, a exemplo do que se passa com muitos outros dispositivos.
Neste requesito, à que ter em atenção que existem no mercado principalmente dois tipos de placas de rede: Fast Ethernet e Gigabit Ethernet. As Fast Ethernet são placas de rede com a capacidade de transmitir dados entre si a uma velocidade de 100 Mbps, enquanto que as Gigabit Ethernet são capazes de transmitir a 1000 Mbps, ou seja, 1 Gbps. Uma placa de rede de 1 Gbps é relativamente barata, rondando os cerca de 20 euros, sendo as de 100 Mbps um pouco menos. Existe ainda placas denominadas Ethernet, cuja velocidade de transmissão é de apenas 10 Mbps, mas que já só se encontra em PCs relativamente antigos.
Tanto as placas Fast Ethernet como as Gigabit Ethernet têm um modo denominado de full duplex, em que ambas podem enviar e receber dados simultaneamente, que no caso das Gigabit Ethernet faz aumentar a taxa de transferência dos dados para os 2000 Mbps ou 2 Gbps. É possivel ligar entre si placas de rede com velocidades diferentes, mas neste caso a taxa de transferência é ditada pela placa mais lenta.
Para criar uma rede entre dois computadores basta ligá-los por um cabo de rede, mas caso existam mais que dois PCs, é necessário recorrer a um switch. De uma forma muito simplista, cada PC é ligádo ão switch por um cabo, passando cada PC a ter um endereço, de forma que quando enviámos dados ou queremos aceder a um PC, só temos de indicar o endereço do PC pretendido. O switch faz a ligação entre o nosso PC e o PC a que queremos aceder. O processo, que aparentemente pode parecer complicado, é na verdade muito simples.
Na arquitectura NAS ou SAN, os PCs estão ligados ão switch, assim como o NAS ou SAN. Quando queremos ler ou gravar dados, e uma vez que o NAS ou SAN é o nosso disco rigido, o processo é exactamente o mesmo como se estivesemos a ler ou gravar algo para um disco rigido externo. Os endereços de cada PC e do NAS ou SAN são memorizados pelo sistema operativo, não sendo necessário "andar ãos papeis", tentando lembrar cada um deles. É tudo muito "automático". Trabalhar com um NAS ou SAN é tão fácil quanto é trabalhar com um disco rigido externo. Aliás, é a mesma coisa, pois para o PC em que estamos a trabalhar (assim como pra cada um dos outros PCs) o NAS ou SAN não é mais que um grande disco rigido externo. Só o processo de ligação é que é diferente: num disco rigido externo convencional a ligação ão PC é feita por um cabo USB, num NAS ou SAN é feita (neste caso) por um cabo de rede.
Uma rede Gigabit Ethernet, juntamente com uma SAN, tem capacidade para lidar com o video SD ou HD, pelo que codecs DV, HDV, AVCHD, ProRES, etc, não são problema. Podemos ter um PC a capturar uma cassete video e um outro PC a aceder a esse mesmo material, permitindo assim editar, tudo ão mesmo tempo.
Actualmente a limitação de uma rede Gigabit Ethernet é no que diz respeito a video HD não comprimido, ou video 2K e 4K. Existe a limitação por parte da rede Gigabit Ethernet, assim como na maioria dos PCs que cada um de nós possui. A cadência de dados necessária pelo video HD não comprimido é demasiádo alta para a maioria dos PCs, pois estamos a falar de cerca de 139 MB/seg. por stream.
Nos casos é que é imperativo trabalhar em HD não comprimido, em tempo real, existe a opção de utilizar placas de rede 10 Gigabit Ethernet. As placas de 10 Gbps estão-se a popularizar, se bem que tenham ainda um preço algo elevádo, a exemplo do que acontece com as placas Fibre Channel e Infiniband. Uma placa de 10 Gbps tem um custo de cerca 600 euros, contra os 20 euros das de 1Gbps, e os switch de 10 Gbps custam algo como 7000-8000 euros, contra os 50 euros de um de 1Gbps. Se tais valores podem parecer elevádos à partida, rapidamente assumem um valor razoável, quando se considerar o preço do armazenamento necessário (discos rigidos) para lidar com o video HD não comprimido. O simples disco de 1 ou 2 TB não é suficiente, não pelo espaço de armazenamento disponivel, mas sim pela cadência de dados necessária e que os discos não conseguem entregar. Torna-se necessário um conjunto de discos rápidos, com recurso a uma controladora dedicada.
Continua...