Boas.
Já que estamos numa de reflexão, seria bom refletir - não nos quantos milhôes que a indústria discográfica perdeu com a pirataria - mas nos biliôes que ganhou á custa do facto da pirataria existir.
Seria também bom refletir, no porquê de ter de pagar 15 ou 20 euros por um CD, quando ele tem um custo de produção de apenas 15 cêntimos (sim, 15 cêntimos). E não é pelo facto dos músicos receberem uma parte grande do bolo, porque não recebem.
Seria também bom refletir no porquê de tantos músicos, muitos deles bastante conhecidos e bem "cotados" no mercado, defenderem a livre circulação da música.
Seria também bom refletir no processo de produção e distribuição da indústria de cinema de Hollywood, e no porquê de alguns realizadores terem cortado relaçôes com as Majors, como George Lucas e Spielberg, só para citar dois. E já agora, refletir na produção independente.
Seria também bom refletir em quantas empresas de software continuam a existir graças á existencia da pirataria, como a Microsoft e a Adobe, e que de outra forma já teriam fechado portas.
Num mundo de pecadores, ser-se Santo pode ser perigoso. E se é certo que os Santos têm asas, também é certo que eles próprios também cometem os seus pecados. Não sendo eu Santo e condenando até um certo ponto a pirataria, seja ela na música, no cinema, no software ou na literatura, a pirataria é o resultado de uma intenção da indústria. Querer atribuir as culpas ãos consumidores, quando é a própria industria a fomentadora do actual estado das coisas, é condenável.
Em vez de ler apenas as noticias que dão conta das perdas que a indústria perde á custa da pirataria, seriam bom lerem também os relatórios existentes acerca dos ganhos que a mesma pirataria proporciona ás mesmas empresas que vêm a público queixar-se da pirataria.
Não se pode ver as coisas apenas por um prisma, só o que está á nossa frente, mas tem de se ver também o que está nos lados. E em vez de condenar a utilização da pirataria, porque todos nós sem excepção somos "piratas" - em maior ou menor grau - deviamos tentar primeiro entender o porquê de ela existir. E feito este raciocinio, talvez então tomassemos consciência de que durante todo este tempo temos estado a ser manipulados pela indústria. Porque se á "maus da fita" neste filme, eles não são com certeza os consumidores eventualmente praticantes e consumidores de alguma pirataria.
Seria bom refletir nisto. Boas.