Companheiros:
Esta conversa útil tem-me passado um pouco ao lado, já que não uso nem estou em vias de comprar o equipamento que aqui se refere.
No entanto, gostaria de dar uma achega ao que tem sido dito:
Para um dado valor de diafragma, suponhamos f/4 (em regra atribui-se o “f” minúsculo a este valor e o “F” maiúsculo a distancias focais), seja qual for o diâmetro da objectiva ou sistema óptico a quantidade de luz que passa é sempre a mesma. “Grosso modo”.
As variações numéricas da escala de diafragmas acontecem porque, para se duplicar a área do diafragma há que multiplicar o raio da circunferência por √2. (A=ΠR2 em que “A” é a área, “Π” tem o valor de 3,1416….. e R é o raio da circunferência).
É assim que, efectivamente, a relação numérica entre dois valores consecutivos “inteiros” de diafragma corresponde a √2, ou seja, arredondando, 1,4.
E isto sucede independentemente do diâmetro frontal do sistema óptico ou objectiva.
No caso das objectivas de distancia focal variável (zoom), se abrirmos ou fecharmos a zoom constatamos que o diâmetro do diafragma varia. Isto porque, pelo seu sistema mecânico interno, ao fazermos variar as posições das suas lentes constituintes, estamos também a fazer variar o diâmetro do “buraco” ou diafragma, por forma a mantermos inalterável a quantidade de luz que sai pela retaguarda do sistema.
Acontece mesmo, com objectivas de construção mais económica, que quando usamos a abertura máxima de diafragma, ao variarmos a zoom temos perca de luminosidade, já que, fisicamente, o diafragma não pode abrir mais para fazer a compensação. É o caso, no campo da fotografia, de objectivas que têm a indicação de f/4-5,6, por exemplo. Indica isto que, com a zoom na sua distancia focal menor, a abertura máxima é de f/4 e que, na sua distancia focal maior, é de f/5,6. Entre uma e outra, será um valor intermédio de diafragma.
No caso de objectivas construídas para vídeo, há mesmo fabricantes que colocam um bloqueio ao curso de zoom. Esta só varia até ali, em situações normais, pois que é até aquela distancia focal que consegue ir variando o diafragma e mantendo a quantidade de luz inalterável. Para além daquele ponto, há que desbloquear a objectiva, sendo que há perca de luz.
Se quisermos aprofundar mais a coisa, podemos acrescentar que a necessidade de variar o diafragma com a distancia focal se prende com o que é distancia focal e com a forma como a luz varia dom a distancia.
Distancia focal é o espaço que medeia entre o alvo (CCD, película, etc) e o centro óptico do sistema em causa. E não confundamos “centro óptico” com “centro da objectiva”, já que, com os métodos actuais de construção de objectivas, raramente coincidem.
Assim quando se aumenta a distancia focal de, por exemplo, de 50mm para 100mm, duplicamos a distancia do centro óptico ao alvo.
Acontece que a luz varia na proporção inversa do quadrado da distância ou, para usarmos uma formula, I=1/D2, donde, a quantidade de luz que chega ao alvo ao duplicarmos a distancia é de ¼.
Assim, precisamos de quatro vezes mais luz no alvo, para mantermos o mesmo resultado de imagem, quando usamos 100mm que quando usamos 50mm. O que significa que teremos que aumentar em quatro vezes a área do “buraco” do diafragma. E, para isto, há multiplicar o seu raio por (2x√2), ou seja, aumentar em dois “valores redondos” o diafragma.
De tudo isto que acima foi dito entenda-se que são indicações aproximadas. Muito, muito aproximadas mas apenas aproximadas.
Que a relação da quantidade de luz que entra na objectiva no seu elemento frontal com a que sai da mesma pelo seu elemento traseiro, se mede com valores “T”, de Transmissão ou Transmissividade e que dependem não apenas dos valores de distancias focais e de diafragmas mas também das características específicas dos vidros com que são construídas as objectivas, dos tratamentos que cada superfície refractária recebe e dos materiais de são feitos os seus suportes, com as suas maiores ou menores capacidades de absorção ou reflexão da luz que neles incide.
Na prática, são desprezíveis as diferenças entre valores “f/” e valores “T”, mas para quem quiser ser muito, mas muito rigoroso, há que as considerar.
Claro está que, no uso quotidiano de captar imagem, estes conhecimentos ou definições pouco nos servem. Não fazemos contas, não andamos com uma máquina de calcular atrás e confiamos que os fabricantes de objectivas as tenham concebido correctamente.
Mas serve-nos para percebermos alguns fenómenos com que lidamos, como seja a questão de quanto temos que compensar em termos de diafragma ao usar um conversor focal na objectiva. Ou ainda por que é que, ao aumentarmos as distancias focais temos diminuição de profundidade de campo. Não é, neste caso, o factor primordial, mas influi um pouquinho.
Para quem quiser ir mais longe nestas questões, e porque não sou um “barra” nelas nem aqui é o local próprio para as explanar, sugiro leituras. Em particular, o inigualável “Fotografia básica” de Michael Langford. Que estas coisas de óptica não são exclusivas da fotografia, do vídeo ou do cinema.