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Autor Tópico: Sonorização ou Personalização!  (Lida 4647 vezes)

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Offline José Costa

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Sonorização ou Personalização!
« em: 14 / Ago / 2008, 08:11 »
Boas.
Sejamos francos: a reportagem video de um casamento, pelo que ela é e pelo que representa para os noivos e para a sociedade em geral, exige uma sonorização do trabalho final a condizer. A musica não pode ser qualquer uma nem em qualquer estilo. Tem de ser romantica, de preferencia bastante conhecida e badalada no momento, que seja do agrado dos noivos. O ideal mesmo é que sejam eles a escolher as músicas que querem, não vá o Diábo tecê-las e eles virem depois reclamar que não gostam desta ou daquela, que querem uma mas não querem a outra. Assim, escolhem eles as músicas e pronto. Vai a gosto deles e ponto final. Pelo menos, este é o conceito que a maioria dos op. de câmera que eu conheço adopta. Mas eu não. Não que eu seja superior ou inferior a eles, deixo essa avaliação para quem a quizer fazer, mas apenas porque gosto de ser diferente. Com tudo o que isso possa significar.

Não gosto de seguir tendencias. Gosto de trilhar o meu próprio caminho em função daquilo que entendo que deve ser uma reportagem video. Gosto de personalizar cada trabalho que faço, de fazer coisas novas, diferentes, tentar ser um pouco original, se bem que este mercádo não dá para muitos malabarismos.

O raio é que quando se faz trabalho para uma casa de fotografia (ou várias), o cliente deixa de ser os noivos e passa a ser a casa fotográfica. Esta, não quer saber de uma personalização no trabalho, de um trabalho feito á medida dos noivos, pois isso significa um preço superior a pagar pelo video. Querem tipo "Chapa 4", querem receber do op. de câmera o trabalho com uma mão, entregarem no mesmo momento com a outra mão ãos noivos, e receber no dobro daquilo que vão pagar a quem fez o serviço. Ou seja, se vão pagar 50 ão op. de câmera cobram 100 ãos noivos. E contra isto pouco se pode fazer.

Quando assim se trabalha, a verdade tem de ser dita. Não se pode fazer um trabalho único, um trabalho diferente. Que isso obriga a conhecer antes do casamento os noivos, a saber da sua personalidade e gostos, e lógicamente, a um preço também ele diferente. E é aqui  que a porca torce o rabo, pois se os noivos estão até a fim de pagar mais por um serviço diferente, o mesmo não se pode dizer das casas fotográficas, pois o método de cobrar no dobro ãos noivos inviabiliza a personalização do serviço, limita o lado artistico do trabalho. Pois um trabalho diferente obriga a um maior trabalho de edição de imagem, além de uma maior quantidade de imagens a ser captadas no dia do evento. E assim posta as coisas, outra coisa não resta a fazer do que fazer a quase "Chapa 4" que todos os outros fazem. Não faço bem a "Chapa 4" mas anda lá muito perto. E o cliente final (os noivos) é que perdem com este estado de coisas.

Mas estes não. Desde o inicio que deixaram claro que queriam uma coisa diferente. Já tinham visto um trabalho meu pelo que queriam ser novamente surpreendidos. Não sei como, mas a verdade é que conseguiram fazer com que a casa fotográfica repensá-se o seu método de "cobrança". Lógicamente que eles (os noivos) não sabiam como as coisas funcionavam, mas a insistencia deles por algo diferente, e pelo "afloramento" da ideia de que se a casa não conseguia fazer o que eles queriam, que então iam procurar uma outra que fosse capaz de o fazer, esta "ameaça" fez com que a casa abdicá-se de uma parte considerável dos seus 100% de lucro e me desse carta branca para fazer um trabalho único. Carta branca, o tanas, pois lá foram dizendo que não pagávam muito mais que o habitual e para não inventar muito no serviço, que esta era uma vez sem vez.

Mesmo sem falar com os noivos, já sabia o que eles queriam, pois sabia o trabalho que eles tinham visto. Fiz o meu preço á casa fotográfica, que entre palavras tipo "você é maluco!" e "não está bom da cabeça!", só faltou a eles mandar um bando de malfeitores me dar um enxerto de purráda. E para que conste, o preço não era assim tão elevado, pois pouco mais cobrei que o preço habitual que a casa cobra ãos noivos. Mas é claro, se a casa fotográfica ia cobrar ãos noivos o dobro como habitualmente o faz, facilmente se chega á conclusão de que o cliente (os noivos) desistem. Fica por um valor elevádo. E para que também se conste, não sou contra as casas terem a sua margem de lucro. Sou é contra a margem de lucro que é cobrada. Mas isso também é culpa dos op. de câmera. O individualismo que cada um teima em manter é propicio para este estado de coisas. Só temos o que merecemos...

Bom, o valor foi aceite, pois de outra forma não aceitáva o trabalho. Combinei um dia para falar com os noivos, pois queria saber um pouco mais sobre eles. A personalidade, gostos pessoais, as espectativas que tinham. E aproveitei para fazer alguns avisos e algumas exigencias. Exigencias essas que podiam ser todas traduzidas no seguinte: colaboração! Se queriam um bom trabalho tinham que ser minimamente colaborantes comigo. Essa de torcer o nariz ão que os profissionais pedem (se bem que também á alguns profissionais que abusam), mas essa de torcer o nariz e fazer má cara não dava para o trabalho em questão. Tinham que ser minimamente participantes. E este é também outro dos assuntos com os quais não estou de acordo com o método de trabalho da grande maioria dos fotografos. Na ânsia de "apanhar" o cliente, nem abordam os aspectos que deviam abordar. Mas também verdade seja dita, não estamos a falar de fotografos...

Para rápidamente chegar ão final desta história que me propus contar-vos, cá vai: enquanto faláva com os noivos, os seus gostos musicais, o aspecto fisico de cada um, entre outros factores, só me permitiam visualizar um determidado estilo de trabalho e com uns determinados estilos musicais. Não lhes disse o que ia fazer, pois nunca lhes revelo estes pormenores. Apenas lhes fiz ver que compreendi o que pretendiam e que podiam estar á vontade, pois iam ter o pretendido.

No dia e hora estabelecidos para o evento lá estava eu. Captei as imagens que entendi ser necessarias, tentei ser o menos invasivo possivel durante o dia e parti para a edição video. Como músicas utilizei AC-DC, Pink Floyd, Metallica, Tubular Bells e alguma musica clássica. A disparidade de estilos serviu para intervalar com os vários momentos do dia.

Sou suspeito para falar, mas o trabalho agradou a todos, em particular ãos noivos (agora casal). A todos minto, pois a mãe dela não gostou muito da versão "pesáda".  Mas como tal já tinha sido previsto por mim (não sabia que a mãe em particular não ia gostar, mas calculei pela idade dela, que estaria muito á frente dos seus gostos e de outros da mesma idade), no DVD inclui uma versão, que depois de falar com os noivos e de obter a sua "autorização", inclui uma versão chamada "Filme Lamechas". Eram cerca de 20 minutos de tudo o que de importante aconteceu no dia, uma montagem com a respectiva música a condizer (esta já muito mais calma), e  muito mais a gosto da mãe.

Quando tempos depois os encontrei num serviço, em que eles eram convidados, fiquei a saber que a mãe tinha aprendido a gostar da versão "pesáda", que o casal gostáva de ambas as versôes (com predominancia para a "pesáda") e que os amigos, a grande maioria deles, não sabia por qual das  versôes optar. Eram versôes diferentes, diziam eles. Gostavam de ambas.

À custa deste trabalho, já ganhei mais dois. A casa fotográfica também "ganhou" o serviço de fotografia. Mas perguntem-me se estão satisfeitos. Não! Preferem que eu faça "Chapa 4". Num ganham 100%, no personalizado não.

A conjugação de determinados estilos musicais, até mesmo os que á primeira vista parecem ser opçôes pouco plausiveis para este tipo de trabalhos, mas a conjugação de certos estilos musicais com as imagens certas e os ritmos certos, pode transformar por completo uma reportagem video. Ajudam a quebrar o império da "Chapa 4" que reina neste mercádo. È possivel fazer-se um óptimo trabalho, original, com gosto, sem cair no exagero que muitas vezes se vê por ai, em que se assiste a uma reportagem de efeitos especiais em vez de um casamento. Mas é claro que para isso é preciso que os profissionais estejam para ai virádos e que as casas fotográficas deixem de ser tão gananciosas. Pois os clientes existem e estão dispostos a pagar, desde que seja um valor justo.

Quanto á casa fotográfica em questão, que o mais certo é virem a ler estas linhas, que me desculpem a inconfedencia. Não revelo o nome, mas não escondo o que penso do assunto. Tanto mais que fartos de saber o que eu penso estão eles. E não fosse o facto de alguns clientes quererem os meus serviços, que já á muito tinha sido desterrádo para um qualquer lado. Pois isto de colocar a boca no trombone tem os seus custos. Altos, por vezes demasiádo altos, mas também me custa roer por dentro o que me vai na alma. Boas.
O profissional inovador não segue a multidão. Ele tem lucidez para remar contra a maré e não se importa em ser taxado como "um estranho no ninho". - Luiz Roberto Carnier

Offline João Tiago Calviño

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Re: Sonorização ou Personalização!
« Responder #1 em: 16 / Ago / 2008, 22:31 »
vou falar de cor e sem saber como funcionada esse mercado mas...

não será possivel, com a qualidade que te é reconhecida, venderes tu os serviços e contratares o serviço fotográfico a terceiros?

é que é impressão minha, ou esta deve ser a única área em que a fotografia ganha mais que o video?!

Marco Iba

  • Visitante
Re: Sonorização ou Personalização!
« Responder #2 em: 17 / Ago / 2008, 01:31 »
Saudações Caríssimos! ... em especial aos Colegas José Costa e Calviño!

Citar
é que é impressão minha, ou esta deve ser a única área em que a fotografia ganha mais que o video?!
Citação João Tiago Calviño.

... desculpem, talvez a mnha ignorância, mas, não entendi a citação do Colega Calviño. É que os pontos ( um de interrogação e outro de exclamação ) a mim complicaram um bocado a compreensão. Será uma afirmação seguida de uma pergunta ou uma pergunta exclamativa? Outrossim será tão fácil assim: "bem, à partir de agora vou vender os meus videozitos directamente aos noivos e pronto!" . "Basta querer ... e pronto"! ... E toda aquela conversa fiada de organização ... profissionalização?

Quanto aos escritos do Amigo José Costa, bem, não posso afirmar ser conhecedor de suas obras ... sejam elas quais forem. Contudo, após meses consecutivos a ler os seus post's ... julgo ser este Senhor um Profissional de Alto Nível. E, se fosse simples assim ... todos nós, BBC's, estaríamos a trabalhar por "conta própria"!

Caríssimo Calviño: é preciso mais que vontade para "vender" BBC.
É preciso estar Organizado ( entenda-se Organização como um movimento amplo de mercado ... uma reestruturação de conceitos ... de Marketing ... uma verdadeira transformação na forma que, actualmente, o audiovisula BBC é visto pela comunidade em geral )!

Com relação a Fotografia, infelizmente é assim mesmo. Eles vendem e nós fazemos.
Contudo ... é preciso que se diga que este não é um fenômeno exclusivo do BBC. Em outros setores, também verifica-se esta situação. ( animações para net; institucionais médicos e/ou odontológicos; moda - dentre muitos outros ).

Mais uma vez ... antes de bradar aos ventos palavras de ordem ... é preciso organização, coisa que, pelos vistos e a julgar pela literatura publicada aqui mesmo no PV ... não existe vontade, pré-disposição e senso do colectivo, capaz de reverter a situação mais uma vez revelada ( indagada ou seja lá o que for ) pelo Colega Calviño.

Abraços Caríssimos e Sucesso!



lrolo

  • Visitante
Re: Sonorização ou Personalização!
« Responder #3 em: 19 / Ago / 2008, 23:10 »
Sei que corro o risco de ser crucificado pelo que vou dizer.
Mas aqui vai:
A culpa daquilo que refere o José Costa é nossa e só nossa.
Enquanto os clientes continuarem a ver trabalhos mediocres no mercado não estarão dispostos a pagar.
E enquanto o vídeo não se emancipar e se afastar das tradicionais casas de fotografia, não passamos da cepa torta.
Eu sei que é mais facil ficar quietinho em casa à espera que o fotógrafo nos arranje trabalho, mas aí temos que nos sujeitar às consequências.
Já trabalhei para casas de fotografia e há uma a que pontualmente dou uma ajuda, por isso sei do que falo.
Sem essas casas, tenho trabalhado menos. Mas pelo menos não sinto que esteja a prostituir o meu trabalho.

Offline Paulo C. Jerónimo

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Re: Sonorização ou Personalização!
« Responder #4 em: 21 / Ago / 2008, 11:50 »
José Costa,

Abordas um assunto crucial. Tens uma explanação do assunto que não pode deixar de ser relevante para qualquer um que seja mais exigente neste mercado de "caça aos pardais".
Tenho pena que as "nossas" divergências, que são tão "básicas" consigam sobrepor-se as nossas convergências, naquilo que todos concordamos e sentimos que se está cada vez mais a afundar.

No fundo, cada um de nós que actua neste mercado e seja mais exigente, comunga da frustração que o Marcos aqui expressa constantemente.
É uma pena, que continuemos todos numa atitude de atirar a toalha ao chão.

Sempre nos vai valendo este espaço, para rejuvenescermos nossas frutrações, ou renorvar-mos as nossas convicções.


Cumprimentos ao Forúm.
PC.

Offline José Costa

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Re: Sonorização ou Personalização!
« Responder #5 em: 11 / Set / 2008, 17:02 »
Boas.

A cada Post que cada User ia aqui colocando, gostaria de ter respondido na devida altura. Mas respostas tomam tempo, e tempo é coisa que não se compra por aqui. E só findo este tempo todo é que "arranjei" um tempinho para responder.

Mas não vou escrever o que gostaria de escrever, pois a fazer isso, iria tomar muito tempo do meu (e do vosso) tempo. Antes vou dizer o seguinte:

Cada User no Post que aqui colocou (neste tópico) tem a sua dosse de razão. O João Tiago Calvino, talvez sem o saber, acabou por equacionar o panorama português no que a reportagens BBC (Bodas, Batizados e Casamentos) diz respeito. E como refere o Luis Rolo, e muito bem, a culpa é nossa e só nossa.

Na ânsia de apanhar o cliente, descemos os preços cada vez mais, quando deviamos subir a qualidade. Na ânsia de apanhar o cliente, somos cada vez mais individualistas quando deviamos trabalhar mais em colectividade.

Cegos ão que está ão nosso redor e surdos ão zumbido que se faz ouvir, continuamos com as palas á frente dos olhos, sem nada aprender com os erros dos outros. E se bem que sejamos todos capazes de apontar o dedo da culpa a este ou aquele factor, a verdade é que pouco ou nada fazemos para o alterar. À excepção de alguns poucos "iluminados", continuamos todos no escuro. Os focos de luz estão ão alcance de cada um e á vista de todos, mas ninguém quer dar uma de fraco e tomar a iniciativa de caminhar em direcção á luz. O baixo preço pedido ão cliente pelo nosso serviço significa que no futuro teremos de pagar um alto preço para continuar a trabalhar.

Falar de barriga cheia é fácil, o dificil é dizer o mesmo com ela vazia. Mas agora que a época alta está a finalizar, sempre quero ver quem conseguiu "armazenar comida" para hibernar no Inverno, quais Ursos na vida selvagem.

Soluçôes? Tantas! Mas de nada servem enquanto cada um pensar individualmente e não colectivamente. Dizem que o ser humano é um animal racional. Até pode ser, mas a avaliar pelos programas de vida selvagem, tenho para mim que os animais propriamente ditos são um pouco mais inteligentes que nós. E por nós, refiro-me ãos op. de câmera. Os animais, pelo menos a grande maioria deles, vive em conjunto, "trabalha" em conjunto para o bem da comunidade. Os op. de câmera trabalham individualmente, a pensar só na sua pessoa, mas pior que isso, a pensar como tramar os outros. E dizemos nós racionais...

Organização... se nem sequer a maioria de nós é capaz de aqui partilhar o que sabe, se nem sequer é capaz de tentar ajudar os outros que por aqui vão colocando dúvidas, como queremos nós organizar o que está desorganizado? Se cada um tem medo de escrever o que pensa, com receio do que os outros vão pensar, como queremos nós mudar as coisas? È necessário primeiro cada um de nós mudar a sua maneira de pensar e só depois é que estaremos aptos a mudar as coisas.

Não tenho o dom da verdade, e é provavel que esteja errádo nesta minha maneira de pensar. Mas pelo menos, encontro-me aberto a novas ideias, a novos pensares. Mas para isso, é necessário que partilhem as ideias, as opiniôes. O que convenhamos, não é muito comum por aqui. São mais os que se limitam a ler o que os outros vão escrevendo, só se pronunciando quando se sentem ofendidos. O fórum pretende ser uma comunidade, mas de comunidade só mesmo o nome. Uma comunidade só evolui com a participação de todos e não apenas de alguns. E enquanto assim fôr, não existe evolução, seja lá o que isso represente. Boas.
O profissional inovador não segue a multidão. Ele tem lucidez para remar contra a maré e não se importa em ser taxado como "um estranho no ninho". - Luiz Roberto Carnier