Boas.
A primeira regra quando se apaga por engano algum arquivo dum disco rigido, é parar o que se está a fazer e pensar. Não se faz o Save As... a nada, nem se encerra aplicação alguma. Não se desliga o computador nem se parte para a net, à procura de aplicação ou solução para tentar recuperar os dados apagados. Não se fecha as janelas do browser, nem se abre mais nenhuma aplicação. Literalmente, não se faz nada no computador... e pensa-se.
Em que disco estavam os ficheiros que se apagou acidentalmente?
Se os dados estavam num outro disco que não o disco C:, e se tivermos aplicaçôes abertas, iremos primeiramente salvar os dados das aplicaçôes e depois encerrar as mesmas. Mas temos de ter cuidado com o seguinte: não devemos fazer um Save automático, mas sim manualmente. Seleciona-se o Save AS... da aplicação e depois guarda-se o ficheiro num disco rigido, que não o mesmo aonde se apagou os dados por acidente. Pode-se guardar no disco rigido C:, por exemplo, mas nunca no disco aonde se apagou os dados. Para todas as aplicaçôes abertas, procede-se do mesmo modo, tendo-se sempre o cuidado de não guardar nenhum ficheiro no disco em que se apagou os dados. Mais à frente explico o porquê. Guarda-se os dados e encerra-se as aplicaçôes. À apenas um mas ão encerramento das aplicaçôes, que também explico à frente.
Podemos então descarregar da net um qualquer desses programas destinados à recuperação dos dados, e instalar. Eu gosto particularmente do Recuva. É gratuito e está disponivel com a linguagem em português, além de ser facilimo de utilizar e de resultados garantidos. Mas atenção à descarga: devemos fazer o Save AS... também num disco que não o dos dados apagados, e instalar o programa no disco C:
Algumas pessoas, por várias razôes que não vem ão caso, instalam as aplicaçôes (softwares) num outro disco que não o habitual disco C:. Se fôr o caso, e se as aplicaçôes abertas e a encerrar estiverem instaladas no mesmo disco em que se apagou os dados, devemos salvar os dados como acima se explicou, num outro disco, mas nunca encerrar as aplicaçôes. Faz-se o Save AS... nas aplicaçôes todas, pois o objectivo é salvar o trabalho que se está a realizar nas aplicaçôes abertas, mas não se encerra as mesmas. Depois de fazer o Save As... , puxa-se o cabo de corrente da ficha. Literalmente. À frente explico porquê.
Se o computador só tiver um disco rigido, o C:, isso significa que os dados apagados, as aplicaçôes abertas e as instalaçôes de software, estão todas no mesmo disco. Assim sendo, o que à a fazer é puxar, literalmente, a ficha da corrente. Não se salva o trabalho que se está a fazer nas aplicaçôes, não se encerra as mesmas e não se instala nada. Nem sequer se sai do browser ou se desliga o PC no botão power. Puxa-se o cabo de corrente, de forma a desligar abruptamente o PC. Vai-se perder o trabalho que se estava a fazer na aplicação aberta, mas em contrapartida, vai-se conseguir recuperar os dados deletados.
Porquê tudo isto, qual a razão de tais procedimentos?
Quando se deleta arquivos, o SO (Sistema Operativo) assume que efectivamente se quis apagar os dados, e então dá como livre o espaço que esses dados ocupavam no disco rigido. Os ficheiros não são efectivamente apagádos do disco rigido quando se faz o Delete. Eles continuam integralmente no disco, o que acontece é que o SO altera uma "lista" existente no disco rigido, que diz que esses ficheiros não existem mais, e que o espaço que eles ocupavam se encontra disponivel, para se gravar novos dados no mesmo local.
Quando se faz o Save As... em qualquer aplicação, um ficheiro é gravado no disco rigido. Se o Save As... fôr feito no mesmo disco em que foram apagados anteriormente os dados, à forte probabilidades de esse ficheiro ser gravado no espaço que ficou disponivel pelo apagamento involuntário dos dados anteriores. Se o novo ficheiro fôr gravado no mesmo espaço ocupado pelos dados apagados, as hipoteses de posteriormente se recuperar esses dados são poucas ou nenhumas. Da mesma forma, quando se encerra uma aplicação, se essa aplicação estiver instalada no mesmo disco em que se perdeu (apagou) os dados, o encerramento da aplicação irá gravar alguns ficheiros (como seja Settings e outros dados de controle), dados esses que podem também ser gravados por cima dos dados apagados. Mais uma vez, com tal situação, as hipoteses de recuperar os dados apagados diminuem.
Também o desligamento do PC, quer seja pelo SO, quer seja pelo botão do Power, irá gravar dados no disco rigido, podendo sobre-gravar os dados apagados acidentalmente. A única forma garantida de tal não acontecer, é desligar o PC da corrente, tal como aconteceria se nesse momento tivesse havido uma falha da corrente eléctrica.
Posto isto, temos então três situaçôes:
1 - O PC tem mais do que um disco rigido e os dados apagados estão num disco que não o disco C:
Para além disso, todas as aplicaçôes estão instalados no habitual disco C:
2 - O PC tem mais do que um disco rigido e os dados apagados estão num disco que não o disco C:
Mas ão contrário da situação anterior, tem aplicaçôes instaladas no mesmo disco que perdeu os dados.
3 - O PC tem apenas um disco rigido, pelo que os dados apagados, assim como as aplicaçôes instaladas, estão contidas no mesmo disco. Também se aplica quando o PC tem mais do que um disco rigido, mas os dados apagados estavam no disco C:
Vamos à primeira situação, que é a mais fácil de resolver.
Os dados são gravados para se salvar o trabalho em curso, as aplicaçôes são encerradas, descarregamos um software de recuperação de dados e fazemos a instalação do mesmo. Não é necessário desligar o PC, podendo-se "partir" para a recuperação dos dados. Muitas são as pessoas que se queixam de que, poucas ou nenhumas vezes conseguiram recuperar os dados. E quando o conseguem, normalmente os ficheiros vêm corrompidos ou truncados. Isto acontece porque não é observado uma regra essencial nestes casos: nunca se procede à recuperação dos dados, gravando os dados recuperados no mesmo disco que está em recuperação. Ou seja, se o disco em que se apagou os dados era o disco D:, ão executar o software de recuperação, os dados recuperados não devem ser gravados no disco D:, mas sim num outro disco, que pode ser o C: ou outro qualquer. Se recuperarmos os dados de um disco e gravamos os dados recuperados nesse mesmo disco, à fortes provabilidades de que em algum momento, os dados recuperados vão ser gravados em cima de dados que ainda não foram recuperados. Se isso acontece, está-se a diminuir as hipoteses de recuperar a 100% os dados apagados. Lembre-se de que, para todos os efeitos, o espaço que os dados apagados ocupam, estão sendo indicados como vazios para o SO. Se o software recupera dados apagados, terá de seguida os gravar em um outro local. Se o SO indica espaços vazios no disco, será nesses espaços que o software irá gravar os dados recuperados, mesmo que esse local contenha dados apagados e que se quer recuperar. E quanto mais cheio se encontra o disco rigido, mais provabilidades existem de que tal situação ocorra. Por essa razão, nunca se grava os dados recuperados no mesmo disco em recuperação, até que se tenha concluido toda a operação. Se este procedimento fôr seguido à letra, é garantido que a recuperação é 100%.
Na segunda situação, em que existem aplicaçôes abertas e instaladas no mesmo disco dos dados apagados, salva-se o trabalho em execução (num outro disco que não o dos dados apagados) e desliga-se a ficha da corrente, sem encerrar as aplicaçôes. Liga-se novamente o PC, instala-se um software de recuperação de dados e procede-se da mesma forma que na solução anterior. Sempre com o cuidado de não gravar nada nem de abrir qualquer aplicação no disco em que os dados foram apagados.
A 3ª situação é a mais problemática para resolver, pois obriga a que se tenha de retirar o disco rigido do PC e ligar o mesmo num outro PC, tal como se fosse um novo disco que se comprou. Nestes casos (PCs com um só disco rigido), não se salva nada e não se encerra nada. Puxa-se apenas a ficha da corrente. Retira-se o disco, liga-se num outro PC, instala-se o software de recuperação e procede-se da mesma forma que nas situaçôes anteriores. Atenção que este "liga-se num outro PC" não é fazer o "novo" PC arrancar com o disco dos dados apagados, mas sim arrancar o "novo" PC como das outras vezes, em que o disco dos dados apagados funciona apenas como mais um disco rigido, que se acrescentou ão "novo" PC.
Se os dados apagados estavam no disco C:, mas o computador tem mais do que um disco rigido, pode-se salvar o trabalho nos outros discos, mas não no C: Não se deve no entanto encerrar as aplicaçôes.
A razão pela qual não se deve arrancar o PC com o disco dos dados apagados, é que no arranque também ocorre gravação de ficheiros. Se essa gravação ocorre em cima dos espaços ocupados pelos dados apagados, recuperar a informação será mais dificil. Nada impede que depois de desligar o PC da corrente se arranque o mesmo normalmente. Mas essa acção acarreta riscos de re-gravação de dados, para além do facto de que será necessário instalar o software de recuperação e gravar os dados recuperados em algum sitio. Querer fazer tudo isto no mesmo disco rigido é o mesmo que não querer realmente recuperar os dados.
Uma coisa que costumo aconselhar a quem nunca teve um problema destes (apagar acidentalmente ficheiros), é o de experimentar. Apagar um ou mais ficheiros e depois recuperá-los. Desta forma, prepara-se para quando a situação acontecer a sério. Porque quem nunca experimentou uma situação destas, pode acreditar que mais tarde ou mais cedo o experimentará, por muito cuidado que tenha. Tenha só o cuidado de experimentar com ficheiros que sabe que não vai precisar deles, para o caso das coisas não correrem bem da primeira vez. Boas.