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Autor Tópico: Trabalho deplorável  (Lida 3816 vezes)

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Offline José Costa

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Trabalho deplorável
« em: 07 / Jun / 2012, 04:25 »
Boas.
À uns 15/20 anos atrás, na sequência de um serviço para um dia em que eu já estava ocupado, contratei uma outra pessoa para me fazer o trabalho de captura de imagem. Rapidamente me arrependi. A minha sorte foi eu ter equipamento e saber editar, e à custa de muito trabalho e depois de muitas voltas, lá consegui entregar um serviço minimamente apresentável ão cliente. Naquela altura as possibilidades não eram as que hoje existem. Não existia cá isto de NLEs e softwares milagrosos. Era tudo à base de fita, mesa de mistura e muito controle sobre os VCRs. Edição linear, para os que por tal passaram.

O cliente não se pronunciou sobre o resultado final, não disse se gostou ou não gostou. Também não me consegui aperceber pela expressão do cliente, pelo que até hoje estou sem saber se o trabalho foi ão encontro, ou não, das expectativas do mesmo.

Não sei se o cliente gostou ou não, mas sei que eu não gostei da sensação que tive quando entreguei o trabalho: se naquele momento tivesse um buraco à minha frente, metia-me por ele dentro. Mais: se tivesse uma sanita, pela sanita me enfiáva, de tal vergonha senti. Não que o trabalho estivesse assim tão mau, pois esforcei-me ão máximo para tornar apresentável o que estava deplorável. Mas nada daquilo correspondia ão que inicialmente tinha mostrado ão cliente.

A sensação ficou, assim como o amargo, e desde esse dia nunca mais contratei ninguém para fazer o trabalho por mim. Se não posso, não aceito o serviço. Prefiro deixar de ganhar algum dinheiro, a passar por situação igual. De lá para cá, já por duas ou três vezes me esqueci do sucedido e contratei alguém para me fazer o trabalho. Sempre me dei mal. Tem-me valido a imaginação e a edição para salvar o dia.

E recentemente, voltei a passar por situação algo igual.

Fui contratado por um colega para fazer um trabalho. Só captura de imagem, mas com uma variável: não era com a minha câmera (que é SD) mas sim com a câmera dele (HD). Já tinha antes feito um ou dois trabalhos com ela, mas é das tais coisas... sempre foi captura de imagem e nunca tive oportunidade de avaliar em profundidade as imagens resultantes. Tive a câmera na minha mão uns dias antes, para me habituar a ela e me inteirar da localização dos controles. Mas em dois ou três dias não se consegue (ou eu não consigo) ficar a conhecer totalmente a câmera, o que se pode e não se pode fazer com a mesma, como ela responde a esta ou aquela situação.

Fui para a selva, que é como quem diz, para o trabalho. Máquina diferente, receios acrescidos... tento não inventar muito, jogo mais pelo seguro, que não gosto de "dançar" muito com par que não conheço inteiramente. Prefiro passos certos e conhecidos, que saltos e cambalhotas para o desconhecido. E o dia chegou ão fim e as gravaçôes entregues. Fim de preocupação... pensava eu!

A "noticia" veio pelo telefone e o meu telefone ainda não é daqueles que tem câmera de video incorporada, porque se fosse, ele teria visto o quanto envergonhado fiquei. Fiquei sem saber o que dizer, sem saber justificar o sucedido, sem saber o porquê. Numa palavra, fiquei na mer&%.

Recebi um ficheiro video de um dos takes gravados por mim. A imagem estava escura e com forte tonalidade para os esverdeádos/cinzas. Numa palavra, estava uma boa droga. E o pior é que a grande parte do serviço estava assim. O WB foi sempre feito, tinha uma boa imagem no viewfinder e no LCD, mas o resultado final foi tudo menos o esperado. Que a máquina tem lá as suas particulariedades, já eu sabia, mas ali o erro foi sempre meu e não da câmera. Mas o pior é que não sei o que fiz de mal, não sei qual foi a acção que levou à reação. Não conhecer em profundidade o equipamento e não estar habituado a ele pode dar nestas coisas.

O que é que se pode dizer numa situação destas? Não me ocorre nada. Desculpas foram pedidas, mas desculpas não resolvem a situação. Porque ele também terá de enfrentar o cliente dele. Porque uma coisa é pedir-mos desculpas pelos nossos erros e outra totalmente diferente é pedir-mos desculpas pelos erros dos outros. Se já para mim é mau, para ele acredito que será muito pior. Tanto mais que a edição será feita por ele, ficando com o onus do trabalho extra a corrigir a imagem. Que nestas coisas de correção, nada fica direito quando já nasce torto.

Cerca de vinte anos separam uma história da outra, mas a sensação de vergonha e amargo na boca é a mesma. A mesma vontade de me enfiar por um buraco, a mesma vontade de me enfiar pela sanita dentro. Só existe uma diferença: à vinte anos atrás, fiquei sem saber se o cliente gostou ou não gostou do trabalho. Eu quero acreditar que sim, mas não sei. Com a situação recente, sei que o cliente (o meu colega) não gostou. E eu também não.

Pedi desculpa e ele aceitou. Mas as desculpas não melhoraram as imagens nem eu me sinto melhor pelo sucedido. E não à nada que altere isso. Boas.
O profissional inovador não segue a multidão. Ele tem lucidez para remar contra a maré e não se importa em ser taxado como "um estranho no ninho". - Luiz Roberto Carnier

Offline Chob

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Re: Trabalho deplorável
« Responder #1 em: 07 / Jun / 2012, 12:27 »
Numa situação destas? Nada como apenas aprender com os erros, a humildade neste caso é um grande bónus. Das poucas vezes que me foi pedido para gravar alguma coisa com equipamento alheio, avisei sempre o requerente sobre o facto de não poder prometer material com a qualidade esperada, mesmo pelo equipamento me ser alheio (mas também, não o fiz como serviço pago, por isso o risco era mais aceitável de se correr) e sugeri gravar com o meu.

Mas, como o bom ditado diz, "não se pode chorar sobre leite derramado", resta mesmo apenas aprender como segurar o cantil.

Offline Rodrigo

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Re: Trabalho deplorável
« Responder #2 em: 09 / Jun / 2012, 00:44 »
Excelente texto e reflexão!
" errar é humano". Só erra quem trabalha. É muito chato, mas acontece... e às vezes a vida é irónica :)
De qualquer forma, um bom ou mau trabalho é muito subjectivo. Como editor, às vezes apetecia-me bater aos meus câmaras, mas compreendo que à sempre variáveis impossíveis de controlar. Por vezes, cabe-nos a nós errar, outras aos outros, devemos é compreendermo-nos e resolver as coisas com bom senso e tentar aprender com cada situação! :)
Não confiar nos outros também não é a solução, todos precisamos de trabalhar, se os chamarmos uma vez a probabilidade de sair um mau trabalho é grande, mas se o chamarmos 20, 30, 40 vezes, os trabalhos saem melhores. Não podemos avaliar um profissional por meia dúzia de trabalhos, muito menos por um ;) 
« Última modificação: 09 / Jun / 2012, 00:47 por Rodrigo »

Offline Diamantino simão

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Re: Trabalho deplorável
« Responder #3 em: 09 / Jun / 2012, 14:38 »
Olá a todos.

Como editor, às vezes apetecia-me bater aos meus câmaras.

É certo  e sabido  que filmar e editar pela mesma pessoa é muito mais fácil. Eu tenho um bom exemplo, quando tenho dois eventos no mesmo dia vou eu e o meu filho. Quando passo há edição e edito o que eu não filmei, não tem nada a ver! e porquê ? quem sabe editar já sabe como deve filmar para melhor encaixar as imagens. Além disso com as imagens por mim filmadas não necessito de tantas correções. O meu filho quando vê as minhas imagens, por vezes diz; bolas já estão quase editadas!

Eu por vezes e apesar da já larga experiência do meu filhote que há 13 anos que trabalha comigo, muitas das vezes também grito com ele porque quero sempre melhor e exijo sempre qualidade, é com ela que advém novos clientes.

Tino simão

Offline Antaoanio Naobre marques

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Re: Trabalho deplorável
« Responder #4 em: 28 / Jul / 2012, 08:55 »
Ola Já Agora, o meu nome é antonio nobre e sou operador de camera freelancer e profissional desde o ano de 1986, e a primeira camera com que trabalhei era uma jvc, so corpo, com gravador portatil a parte.Iniciei numa das  duas produtoras de Video Profissional existentes na altura no Algarve, a produtora chamava-se vantagem e pertencia a um senhor chamado josé cheta que foi no inicio dos anos setenta um cantor de sucesso a nivel nacional.Nessa altura so trabalhavam 3 profissionais de video no algarve, ( eu, o Fernando Tavares que tinha vindo da RTP trabalhar para a Vantagem e o Vitor Ventura, que era estrangeiro, penso que venezuelano ou Argentino, e segundo indicações que tive, é professor de imagem numa escola de imagem em Lisboa), durante este tempo todo tive oportunidade de trabalhar com diversas cameras, uma vez que sou freelancer e vou "para onde me chamam", acontece que, em talvez dezenas de milhares de horas de imagem, penso que em relação a cor  devo ter muitos poucos frames estragados. Acontece que no tempo em que eu iniciei os viewfinder´s eram todos a preto e branco e tinhamos que trabalhar sempre com os parametros manuais, ou seja andar sempre com o papel branco sempre no bolso para "Bater os Brancos", acontece que com o desenvolvimento das cameras e com  os automatismos a ela subjacentes, o pessoal deixou de fazer algumas coisas, que os mais velhos sempre fizeram.Para não haver imagens estragadas, sugiro que voltemos aos tempos passados com o papelinho branco no bolso, não ligar aos presets de temperatura de cor, apesar de nalgumas cameras serem muito bons.Acontece nas novas cameras com visor acoplado que a gama de cor do monitor, pode não ser igual ao ajuste de gama da gravação na camera, mas quem começou a fotografar com as primeiras reflex digitais, tambem descobriu na altura que o que via no visor digital, por vexes não correspondia ao que ficava registado no cartão,e depois com o tempo aprenderam a fazer os ajustes.No video é igual. Já agora e uma vez que o mercado esta mal, se souber de algum trabalho, pode ser que eu não tenha agenda preenchida nessa data. O meu email, é antonionobremarques@gmail.com